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Será o fim da tchê music?

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Reportagem de capa do Diário Gaúcho, de ontem:

JOSÉ AUGUSTO BARROS | jose.barros@diariogaucho.com.br

Músicos do movimento que abandonou a pilcha nos palcos, desafiando patrões de CTGs, voltam atrás e rendem-se ao tradicionalismo.

Três anos após a polêmica que varreu bailantas Rio Grande afora, os filhos à casa tornam. Em 2006, de um lado do embate, estavam os integrantes das chamadas bandas de tchê music, do outro, os irredutíveis tradicionalistas.

Agora, nomes até pouco tempo da tchê music, como Luiz Cláudio e o grupo Quero-Quero, estão voltando às origens. Outros, como o Tchê Barbaridade, tentam o meio-termo. Será o início do fim da tchê music? Eles serão aceitos de volta nos CTGs?

Pelas palavras do presidente do Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore (IGTF), Manoelito Savaris, não será tão simples assim.

– Se voltarem a fazer música gaúcha tradicional, tendo a postura adequada, serão contratados. Mas poderão ter dificuldade, pois haverá desconfiança – avisa o tradicionalista.

– Quem for contratá-los terá que tomar certos cuidados. Eles terão que comprovar que voltaram ao tradicionalismo – sustenta Manoelito.

Quem for voltar, que volte por inteiro:

– Se quiserem disputar o mercado, que venham por inteiro. Existem 900 galpões de CTGs realizando bailes e fandangos pelo Rio Grande do Sul!

Crítico de todo e qualquer tipo de radicalismo com que tradicionalistas tratam a questão, o folclorista e pesquisador Paixão Côrtes ressalta:

– Sou contra qualquer medida proibitiva, mas sou a favor de conceituação, da diferenciação dos estilos claramente.


E, se o presidente do IGTF, Manoelito, aposta que os tchês têm prazo de validade:

– Eles não guardam raiz com nada!


Aí, o eterno Laçador bem que concorda:

– Todo modismo tem tempo limitado, é circunstancial, consumista...


Quero-Quero, um dos grupos mais renomados, teve apenas um DVD em estilo tchê music e não quis continuar na linha. Foi em 2005, com Ave Fandangueira ao Vivo.

– Tentamos passar para um mercado que estava se abrindo. Mas o público mais fiel chiou e com razão. Nossa veia é tradicional – define o vocal, André Lucena.


Para confirmar o que diz, o músico ressalta que o grupo nunca deixou de usar toda a vestimenta gaúcha nos palcos.

– A gente ouvia: “O Quero-Quero tá na tchê music, então, não toca mais no nosso CTG”. Mas já estamos recebendo convites novamente – relata o integrante do grupo.


Quanto ao motivo da volta às origens, o cantor não poupa palavras, ainda que com um pouco de receio de provocar a ira dos adeptos da tchê music:

– Nós somos muito críticos em relação à musicalidade. O que observamos, sem querer depreciar ninguém, é que as letras da tchê music eram muito pobres!


Os fãs já podem agendar-se, porque o retorno do grupo ao tradicionalismo será marcado pelo lançamento do álbum Quero-Quero 20 anos de História. Deve estar nas lojas em dezembro.

Em 2006, Luiz Cláudio declarava: “Abandonamos a pilcha para ficar mais perto do público”. Hoje, voltou a usar bombacha e, definitivamente, como gosta de ressaltar.

– O nosso público começou a nos cobrar músicas tradicionais. Nunca cuspi no prato que comi, apenas segui um caminho que achei conveniente na época. Voltei para ficar – assegura.


Durante o seu tempo de tchê music, os CTGs não o aceitavam. Agora, tem esperança que a situação mude:

– Já pilchado, fiz o encerramento da Semana Farroupilha em Canoas.


Um dos primeiros a saber da mais recente mudança de Luiz Cláudio foi Manoelito, que, em 2006, presidia o Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), hoje comandado por Oscar Gress (o Diário tentou contato, mas Oscar está em viagem). Luiz Cláudio enviou e-mail a Manoelito, com a capa do novo CD e com a música Se o Rio Grande me Precisa – na “nova” linha tradicionalista.

– Fiz isso para me retratar com ele e comunicar a mudança. Ele respondeu muito bem – conta o músico.


Direto de Itajaí, Santa Catarina, onde Tchê Garotos fez show recentemente, o gaiteiro e vocalista Markynhos Ulyian nega o rótulo de tchê music para o grupo. Mas não dá para negar que foi justamente quando abandonaram a fase tradicionalista, que estes gaúchos começaram a bombar nacionalmente.

– Tchê music não existe no resto do país. Em São Paulo, por exemplo, somos sertanejos. Em novembro, lançaremos o CD Tchê Garotos – Luau Sertanejo – conta.


Quanto aos grupos que estão voltando para o tradicionalismo, Markynhos é definitivo:

– Acredito que é mais uma forma de desespero deles, atrás do ganha-pão.

Em busca de “um ponto de equilíbrio entre as vertentes”, como gosta de argumentar, o Tchê Barbaridade lança o CD Cante e Dance com faixas bem mais campeiras como Trancaço, escrita por Mauro Moraes, premiado em vários festivais nativistas.

– A gente vai tentar achar um caminho para unificar as duas ideias, o tradicional com o novo. Já temos músicas com esta perspectiva – afirma o vocalista e líder do grupo, Marcelo Noms.

Mesmo perseguindo o meio-termo com o resgate do tradicional, o Tchê Barbaridade não pretende vestir a bombacha de novo.

– Temos uma cantora (Carmen). Colocá-la vestida de prenda é pedir para andar para trás! – sentencia o músico, que finaliza com uma observação:

– Deixamos de ser um objeto cultural, para ser um grupo totalmente ligado à música.

Informações do Blog Roda de Chimarrão.
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