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Américas - CAMINHOS DE SI
Por ENILTON GRILL
I
Este programa foi ao ar no dia 8 de agosto de 2004 pela RádioCom - 104.5 FM
Cidade de Jaguarão.
Recanto da pampa gaúcha.
Fronteira que une dois povos.
Lugar que junta três filhos.
Um deles se adivinha no espelho nas rugas que vão crescendo.
Outro, está no silêncio dos sonhos que vão morrendo.
O outro ,compreende que não há fim no que não teve começo.
Os três juntos descobrem que o destino é se perder nesse humano labirinto chamado vida.
Um deles se chama POESIA.
O outro, MÚSICA.
O terceiro se chama ARTISTA.
E os três juntos começam a andar os CAMINHOS DE SI.
Está no ar o AMÉRICAS ESPECIAL CAMINHOS DE SI.
Pela primeira vez na rádio o projeto poético-musical Caminhos de Si.
AMÉRICAS e o primeiro grande passo dos três juntos - PAULO TIMM, HÉLIO RAMIREZ e MARTIM CÉSAR.
Caminhemos todos juntos com eles.
CAMINHOS DE SI
Poema: Martim César
Recitado: Paulo Timm
Caminhos de Si
II
Este programa foi ao ar no dia 8 de agosto de 2004 pela RádioCom - 104.5 FM
Nas selvas africanas, nos ritmos dos tambores tribais, nos povos arrancados do chão, nas charqueadas, nas senzalas, nos quilombos, na feitoria., nos CAMINHOS DO TEMPO INFINDO toda a história do CAMINHOS DE SI.
CAMINHOS DO TEMPO INFINDO
Letra: Martim César
Música: Hélio Ramirez e Paulo Timm
Recitado: Xiru Antunes
Caminhos de Si
III
Este programa foi ao ar no dia 8 de agosto de 2004 pela RádioCom - 104.5 FM
Na distante Ibéria, nas batalhas entre Mouros e Cristãos, nos oito séculos de domínio árabe, na reconquista, nos cercos dos castelos medievais, na epopéia lusa 'por mares nunca dantes navegados' ou nos acordes flamencos da Espanha de Don Quijote de La Mancha aí toda a vertente, toda LUZ ANDALUZ do CAMINHOS DE SI.
LUZ ANDALUZ
Letra: Martim César
Música: Hélio Ramirez
Caminhos de Si
IV
Este programa foi ao ar no dia 8 de agosto de 2004 pela RádioCom - 104.5 FM
Na pátria sem fronteiras, na terra dividida, no sangue derramado pelo povo, na primavera dia a dia reconstruída, nas altas cumbres da cordilheira.
Pelo legado, pela estrela e pela esperança que continuará sendo nossa.
Numa MENSAJE AL MAR toda a homenagem do Caminhos de Si ao grandioso Victor Jara.
VictorJara vive e revive nas vozes de Maria Conceição e Paulo Timm .
MENSAJE AL MAR
Letra: Martim César
Música: Paulo Timm
Cantam: Maria Conceição e Paulo Timm
Caminhos de Si
V
Este programa foi ao ar no dia 8 de agosto de 2004 pela RádioCom - 104.5 FM
Nas danças índias sob o sol, no extermínio de uma raça, na miscigenação forçada, nas alturas da cordilheira, nas correrias pela grande pampa de Artigas, na América Índia, na Ameríndia toda a semente do Caminhos de Si.
AMERÍNDIA
Letra: Martim César
Música: Paulo Timm
Recitado: Martim César
Caminhos de Si
VI
Este programa foi ao ar no dia 8 de agosto de 2004 pela RádioCom - 104.5 FM
MARTIM CÉSAR SOBRE HÉLIO RAMIREZ
"O que me vem à mente é a influência de uma geração de músicos que não estava presa a regras musicais estáticas, nem a modismos passageiros. Cresci ouvindo grupos como o Americando, Santo Ofício, Acalanto Latino e outros. Tempo do festival de Pelotas que se chamava Charqueada. Ali estava o Hélio e suas composições que falavam de histórias que proporcionaram as primeiras descobertas musicais.
"Havia a MPB (Chico, Vinícius e outros), a música tradicionalista (Gildo, Teixeirinha), a música Latino-Americana (Atahualpa,Zitarrosa,Mercedes) e também havia a música local. Cristina, a louca das ervas, a Salamanca do Jarau, o Afiador, o Barqueiro do Rio Jaguarão, etc..., enfim, temas que não se submetiam a fórmulas pré-concebidas".
"Também da mesma geração - e que também fazia uma música sem fronteiras culturais - era o Arroio-grandense Basílio Conceição, quem deixou uma obra que transcendeu a sua vida e que sobreviverá muito além das canções comerciais que vem e passam sem deixar raízes. 'E eu te busco aqui dentro do copo, como um louco vagabundo, só eu sei como te amar' . Também estava Tadeu Gomes e sua melodia negra, vinda da Baixada Jaguarense, lugar de má fama e de ótima música. 'Quem roda do Cerro da Pólvora, porteira da ponte Mauá, adentra pelo Uruguai'.
"Haveria que citar também, o Jorge Passos, o Plínio Silveira, o Cláudio Vieira, o Régis Bardini, o Sérgio Cristino e tantos outros. Hélio Ramirez representa essa geração e essa visão musical, e foi esse aporte - além da amizade em noites de guitarreios - que trouxe o seu talento a essa obra que resolvemos chamar de Caminhos de Si".
MARIA, CHARQUEADAS E FRONTEIRAS
Letra e Música: Hélio Ramirez
Caminhos de Si
VII
Este programa foi ao ar no dia 8 de agosto de 2004 pela RádioCom - 104.5 FM
PAULO TIMM SOBRE MARTIM CÉSAR
“Poeta que através da sua arte possui o dom de me inspirar melodias”.
Numa frase toda a verdade de uma fecunda e brilhante parceria.
Tem mais valor agora as velhas poesias que amarelam escondidas nas gavetas do teu quarto, Martim.
Que entre a claridade e acorde o tempo que estava dormindo, pois, se é na verdade que o poeta se perde é na vida que ele descobre que jamais se pode parar.
DE UMA ANTIGA REBELDIA
Letra: Martim César
Música: Paulo Timm
Caminhos de Si
VIII
Este programa foi ao ar no dia 8 de agosto de 2004 pela RádioCom - 104.5 FM
MARTIM CÉSAR SOBRE PAULO TIMM
"O que posso dizer é que por essas felizes coincidências que tem a vida, acabamos nos encontrando e descobrindo que tínhamos, além da amizade descompromissada, uma afinidade no tocante à música.
"Não poderia ser diferente: meu pai foi durante mais de 20 anos o apresentador de um programa na Rádio Cultura de Jaguarão, onde os músicos se apresentavam ao vivo. Além disso, sempre foi um grande declamador, desses de se fazer ouvir em qualquer encontro onde haja uma roda de chimarrão e um fogo iluminando os ouvintes".
"Já o pai do Timm foi um grande músico, talvez o maior, que teve a cidade de Jaguarão. O Seu Breno foi incentivador de várias gerações de instrumentistas locais. Andou cruzando o Rio Grande em apresentações e deixou de legado para o filho o dom musical".
"Por isso, considero que não foi estranho que em nossos encontros para algum churrasco e até em algumas serenatas surgisse a necessidade de fazermos algo que fosse nosso".
"Eu, desde muito cedo, comecei a escrever. O Timm, a tocar violão. Juntamos a sua grande capacidade melódica com os meus escritos (essa inexplicável vontade de registrar alguns anseios do espírito) e daí nasceu nossa parceria."
"Montamos, então, um grupo chamado “Urunday” - que vem a ser a madeira utilizada como lança por algumas tribos. Meu irmão: Alessandro, a Karina López, o Paulo Timm e eu. Esse foi o começo. Depois os festivais. As gravações por outros intérpretes, alguns prêmios – não muitos, pois nossa música é um tanto, digamos, diferente dos padrões normalmente aceitos na maioria dos eventos – e, por fim, nasceu a ideia desse encontro de gerações com o Hélio Ramirez".
"Aí estamos. Viajantes, companheiros dessa estrada onde tudo se faz nada no engano de uma curva. Caminhantes, sonhadores deste tempo onde a vida é só um momento... uma luz na noite escura de um TEMPORAL.”
TEMPORAL DE SANTA ROSA
Letra: Martim César
Música: Paulo Timm e Régis Bardini
Caminhos de Si
IX
Este programa foi ao ar no dia 8 de agosto de 2004 pela RádioCom - 104.5 FM
A vida me ensinou que é o amor, e não a vida, o contrário da morte.
Só vendo a intensidade e o amor que Martim César coloca em seus POEMAS DO BAÚ DO TEMPO ou quando conta histórias sob a luz de velas é que se percebe o quanto de verdade carrega essa frase.
No BAÚ DO TEMPO de Martim César estão os manuscritos de uma época já quase esquecida. De quando todos os seus avós ainda eram vivos e ele era um pássaro de um céu sem nuvens.
Tudo passou, ou melhor, tudo ficou no interior desse baú.
No BAÚ DO TEMPO está a primeira pandorga, a bola de meia, os livros de Julio Verne, a gravura de D. Quixote que tanto o assustava, o barquinho feito com a folha de coqueiro e lata de azeite.
No BAÚ DO TEMPO estão os amigos da infância, os amigos do colégio (por onde andarão?), os verdureiros, os leiteiros.
No BAÚ DO TEMPO está o jardim de sua vó, a bergamoteira ...
E num VELHO BAÚ SEM CHAVE está a bússola enferrujada de um navegante sem nave.
Num VELHO BAÚ SEM CHAVE ficou trancado um relógio onde há muito tempo o tempo não passa.
NUM VELHO BAÚ SEM CHAVE
Letra: Martim César
Música: Paulo Timm
Caminhos de Si
X
Este programa foi ao ar no dia 8 de agosto de 2004 pela RádioCom - 104.5 FM
HÉLIO RAMIREZ
"Ao andarmos pela maravilhosa orla da Lagoa Mirim e Lagoa dos Patos, deparamo-nos com uma árvore que sobressai nessa paisagem, coberta de dunas: as Figueiras. Centenárias e imponentes ali estão como testemunho de eras passadas; algumas, sobretudo as mais jovens, são retorcidas pela força dos ventos dominantes, eternos e temerosos (principalmente para navegantes que ousam cruzar essas águas do extremo sul). É também um exemplo de resistência, num meio agreste, inclemente e belo".
O conjunto da obra do compositor e poeta Hélio Ramirez tem uma semelhança com as Figueiras, pois é um farol de resistência num mundo cada vez mais mesmificado, tecnicista e banalizado; capitaneado por uma globalização de mão única.
Tudo ao norte, nada ao sul!
O Brasil e a América, sem fronteiras, rica, bela e multicolor precisa ser tal qual as figueiras que Resistem...Resistem...E resistem...
Tal qual Hélio Ramirez, que sobrevive esquecido como um DESERDADO.
CANÇÃO DOS DESERDADOS
Letra: Martim César
Música: Hélio Ramirez
Caminhos de Si
XI
Este programa foi ao ar no dia 8 de agosto de 2004 pela RádioCom - 104.5 FM
PAULO TIMM SOBRE HÉLIO RAMIREZ
“Admiro a trajetória belíssima do Hélio Ramirez como cantor e compositor pelo estilo universal e pela simplicidade, mas acima de tudo por sua capacidade de emocionar os ouvintes”.
HÉLIO RAMIREZ SOBRE MARTIM CÉSAR E PAULO TIMM
"As poesias de Martim têm um latente humanismo e síntese muito difícil de se encontrar nessa atualidade tão coisificada. São poesias políticas, mas com um imenso oceano de amor e ternura. Segue assim velho amigo!
"Eu admiro muito o Paulo Timm, pois seu trabalho é sério, profissional e abnegado. Nesse CD ele fez um trabalho de franciscano, ajudando em muito a lapidar a jóia que é Caminhos de Sí. Um grande músico. Um grande amigo.
Três AMIGOS.
Um, ARTISTA.
O outro, MÚSICO.
O terceiro, simplesmente, POETA.
DELÍRIO / PESADELO
Poema: Martim César
Letra e Música: Hélio Ramirez
XII
Este programa foi ao ar no dia 8 de agosto de 2004 pela RádioCom - 104.5FM
Pelos caminhos do tempo infindo chegamos mais uma vez a Espanha.
Espanha: 1605.
Aos 57 anos o guerreiro e poeta Miguel de Cervantes publica a primeira parte de Dom Quixote, e com ela atinge a consagração literária.
O êxito é imediato.
A fama de Quixote, símbolo do espírito idealista e aventureiro do ser humano, leva o nome e o sonho de Cervantes além-fronteiras.
Conhece então, por breve tempo, um pouco das homenagens que lhe seriam prestadas ao longo dos séculos.
A segunda parte de Dom Quixote é publicada dez anos depois.
Está completa sua novela de cavalaria, obra máxima do gênero que predominou na Idade Média.
Mas naquela quadra do tempo o escritor e poeta, sem amigos, vive só, pobre, doente e esquecido.
Sonho frustrado e incompreendido, o mundo já não lhe interessa.
Em silêncio, recolhe-se a um convento franciscano.
Era abril de 1616.
E, como convém a um franciscano, um túmulo despojado, sem lápide carrega os sonhos de Cervantes e serve-lhe de última morada.
Mas no teatro, na música e na poesia do Caminhos de Sí, o sonho de Cervantes existe, sim!
Existirá depois!
E já existia antes!
O SONHO DE CERVANTES
Letra: Martim César
Música: Paulo Timm
Caminhos de Si
XIII
Este programa foi ao ar no dia 8 de agosto de 2004 pela RádioCom - 104.5 FM
Busquem suas vertentes na distante Ibéria, nas batalhas entre mouros e cristãos, nos oito séculos de domínio árabe, na reconquista, nos cercos dos castelos medievais, na epopéia lusa 'por mares nunca dantes navegados' ou nos acordes flamencos da Espanha de D. Quixote de La Mancha.
Busquem suas raízes nas selvas africanas, nos ritmos dos tambores tribais, nos povos arrancados do chào, nas charqueadas, nas senzalas, nos quilombos.
Busquem suas sementes nas danças índias sob o sol, no extermínio de uma raça, na miscigenação forçada, nas alturas da cordilheira, nas correrias pela grande pampa de Artigas.
Muitos caminhos levamos sob a pele mestiça que nos cobre. Somos europeus, negros, índios. Somos o resultado dessa fusão incoerente de tantos sangues. Dessa mistura nascemos. E foi dessa aparente impossibilidade que nasceu a nossa arte. Mestiça como a nossa raça.
Cidade de Jaguarão.
Recanto da pampa gaúcha.
Fronteira que une dois povos.
Lugar que junta três filhos.
Martim César, Paulo Timm, Hélio Ramirez.
Um deles se adivinha no espelho nas rugas que vão crescendo.
Outro, está no silêncio dos sonhos que vão morrendo.
O outro compreende que não há fim no que não teve começo.
Os três juntos descobrem que o destino é se perder nesse humano labirinto chamado vida.
Um deles se chama Poesia.
O outro Música.
O terceiro se chama artista.
E os três juntos começam a andar os CAMINHOS DE SI.
A estrada é sem fim e o caminho se faz andando.
O Américas queria contar tudo.
Contudo, tudo é apenas uma parte.
Já que isso é apenas o começo.
CAMINHOS DE SI
Poema: Martim César
Recitado: Paulo Timm
Caminhos de Si