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Homenagem as mães

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Mãe crioula do Rio Grande

Sacrossanta criatura,

Olho-d'água de ternura

Na velha várzea pampeana,

Não há rincão de alma humana,

Onde não se erga um altar

Somente pra te adorar

Como Deusa e soberana.

Mãe crioula do Rio Grande,

Legenda de mil amores,

Campo bordado de flores,

Delicadas, sem espinhos

Sombra amiga dos caminhos,

És o sagrado reduto

Onde o xiru, por mais bruto,

Aprende a beber carinhos!

Mãe do piazito dos ranchos

Ao desamparo da sorte

Desses que rolam sem norte

Pelos atalhos da vida;

Mãe que embala comovida

O amado filho campeiro,

Rezando à luz do candeeiro

Pra que ele cresça em seguida.

Mãe do gaudério sem lei

Que um dia se foi embora;

Mãe santa e buena que chora

Antes do filho partir;

Mãe que não sabe pedir

Por ter medo de magoar;

Mãe que de tanto chorar

Desaprendeu de sorrir.

Mãe do pobre peão de estância

Miserável dos galpões.

O paria das solidões

Maltrapilho, analfabeto;

Mãe que sob humilde teto

Pressente o trote do pingo,

Do filho que vem, domingo,

Trazer-lhe um pouco de afeto.

Mãe da chinoca inocente

Que enfrentando um mundo novo

Um dia caiu no povo

Pialada por sorte à-toa;

Mãe Divina, sempre boa,

Que lá ficaste sozinha

Rezando pela chininha,

Pois a mãe sempre perdoa.

Mãe dos tauras que morreram

Em peleias de outras eras;

Mãe que ao cruzar nas taperas

Sente que o peito se inflama,

Porque sofre o mesmo drama

Que alguma outra mãe sofreu

E recolhida ao seu eu

Em lágrimas se derrama.

Mãe que sofre ouvindo guacho

Rinchando, de tardezinha,

Como a chamar a mãezinha

Num triste e longo estribilho,

Por ver no pobre potrilho

O pesar grande e profundo

Do filho sem mãe no mundo

Que o possa tratar de filho.

Mãe gaúcha incomparável,

Rainha do Céu azul

Mãe do Rio Grande do Sul,

Mãe do centaura charrua,

Nem estrelas, nem a Lua,

Jamais te igualam no brilho

Quando a sentença - Meu filho

Entre teus lábios flutua.

Por isso é que, reverente,

Santa mãezinha querida,

Fonte de amor e de vida

Sacrificada aos deveres,

Sinto o maior dos prazeres

Ao beijar-te, Anjo Bendito,

Pois em ti eu beijo contrito

O mais sagrado dos seres!

do blog do MTG.
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Anônimo
11 de maio de 2010 às 14:52

Muito lindo. Parabéns, pois falas da mãe gaúcha em versos lindos. Adorei!

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