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Rodeios chegam ao Sul e polemizam ao apresentar nova tendência

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Antes só vistos pela TV, os eventos country como a Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos (SP), invadiram o território gaúcho e ameaçam o brio gaudério. Só para este ano, estão previstos 30 rodeios-shows como os que sacodem atualmente Esteio, na região metropolitana de Porto Alegre, e São Borja, na fronteira oeste do Rio Grande do Sul. Tradicionalistas de CTGs temem que os gaúchos se rendam aos caubóis do tipo John Wayne. A peleia apenas começou.

Com peões vestidos de caubóis e shows hi-tech embalados por fogos de artifício, DJs e música sertaneja, os rodeios country estão se espraiando pelos rincões do Rio Grande do Sul feito prenda em fandango e dando o que falar nas rodas de chimarrão.

A multiplicação de eventos como o São Borja Rodeio Show, que desde quinta-feira movimenta a Fronteira Oeste, é vista com preocupação pelos principais representantes do tradicionalismo gaúcho.

Somente para este ano, no Estado, estão programadas 30 apresentações semelhantes à Festa do Peão de Boiadeiro, de Barretos (SP), que ficou famosa no país inteiro. Em 2009, não passaram de 12.

Com ares de superprodução, os rodeios country são mais do que competições de montaria e diferem em quase tudo dos rodeios crioulos. Nas estruturas itinerantes, o que se vê são espetáculos de luz, som e efeitos especiais.

Em Estância Velha, no último final de semana, a abertura de uma festa do tipo deixou muito gaudério pasmo – entre eles o vocalista da banda Os Serranos, Edson Dutra. De dentro de uma redoma de quatro metros de diâmetro, ao som de guitarras rasgadas, Dutra viu surgir na arena uma imagem de Nossa Senhora. Em seguida, foi surpreendido por um foguetório e uma oração, acompanhada por espectadores vestidos no melhor estilo John Wayne, ícone dos faroestes americanos.

– Fiquei impressionado – resumiu Dutra, cujo grupo se apresentou no evento.

Ao contrário dos rodeios gaúchos, nos quais a música-símbolo é a tradicionalista, nos eventos country toca-se de tudo – do rock ao sertanejo universitário. A variedade caiu no gosto da gurizada, e essa preferência agora preocupa gente como o folclorista Paixão Côrtes. Segundo o estudioso, um dos motivos da criação do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) foi justamente a necessidade de valorizar a cultura regional e mostrar sua importância para os jovens:

– Não sou contra esses novos rodeios. O que me preocupa é o que estamos deixando de fazer. Precisamos defender nossos valores para que não se percam.

A opinião é compartilhada pelo presidente do Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore, Manoelito Savaris, que já visitou a festa de Barretos – e não gostou. Para ele, o centro-oeste brasileiro perdeu a identidade ao incorporar a cultura country. Savaris teme que os gaúchos também percam suas raízes. Como ele, o presidente do MTG, Oscar Gress, defende a preservação do formato original dos rodeios, que são mais de 400 por ano no Estado.

– É prematuro afirmar que os rodeios country sejam a preferência do público. Sua predominância em São Paulo é reconhecida, mas talvez não passe de um modismo aqui – opina Gress.

Disposto a evitar polêmicas, o empresário Mauri de Lima, um dos sócios da maior empresa do ramo de rodeios no país, responde as críticas gaudérias com uma promessa e um convite. Ele garante não haver intenção de tomar o lugar dos rodeios crioulos na cultura gaúcha e diz que faz questão de receber os tradicionalistas em um de seus eventos, para que “vejam como é”. Ele também promete surpreender quem estiver no show de domingo à noite, em São Borja, com uma apresentação especial que terá tudo a ver com os gaúchos.

Informações: ZERO HORA
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