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Soube hoje cedo do falecimento do ex-presidente do MTG, Onésimo Carneiro Duarte, ocorrido ontem. Será cremado no final da tarde de hoje, 23 de agosto, em Porto Alegre.Ingressei no MTG no final da década de 90, e, portanto, tive pouca convivência com Onésimo, que nesses tempos já estava às voltas com problema de saúde. Mas como sempre estudei muito a história do tradicionalismo e especialmente os "feitos" dentro do MTG e seus personágens, sempre ouvi falar muito bem de Onésimo Carneiro Duarte. Tive oportunidade de conviver e aprender com pessoas que sempre se referiram com admiração ao ex-presidente, que são os também ex-presidentes João Francisco Rodrigues de Andrade (Pelotas, 26ª RT), Zeno Dias Chaves (Caçapava do Sul, 18[ RT) e o conselheiro benemérito Armando Ecíquio Peres (Canguçu, 21ª RT), dentre outros tantos.
De suas duas gestões à testa do MTG, forçoso destacar o Plano de Ação Social, no qual estão previstas atuação das entidades na direção da "escolaridade" dos associados, especialmente os peões das áreas rurais do Estado, buscando a manutenção desses peões na zona rural, mantendo o cerne da tradição gaúcha (já dizia Luiz Carlos Barbosa Lessa que sem a assistência ao "homem do campo" e sua manutenção na área rural, teríamos uma tradição de lembrança). Prevê o Plano de Ação Social que as entidades tradicionalistas sejam células de transmição de cultura regional e que deveriam implantar escolas de trançadores e de tratadores e domadores. Que as entidades deveriam se preocupar com o lazer dos associados e que deveria atuar no sentido de prestar-lhes assistência, sempre com o sentido de manter o "homem no campo". Essa assistência deveria ser médica, odontológica, jurídica, à mulher (vejam que já nessa época Onésimo levantava essa bandeira), ao idoso, à criança, ao presidiário e se preocupava com a educação ambiental.
O Plano de Ação Social criado por Onésimo Carneiro Duarte defendeu temas que hoje são corriqueiros e integram a legislação federal e os principais debates da Nação, mas temos que observar que vieram muito antes de aflorar esses temas nos debates midiáticos e políticos, caracterizando Onésimo como um precursor.
Na área cultural defendia o Plano de Ação Social que fossem realizadas demarcações de pontos históricos e que o MTG e as entidades se preocupassem incessantemente na preservação de monumentos históricos, preservando a memória do Povo Gaúcho.
Sendo Vacariano e também tendo sido patrão do CTG Porteira do Rio Grande, foi uma dos principais expoentes no crescimento do Rodeio Internacional de Vacaria, atuando decisivamente para que houvesse a participação de delegações estrangeiras no evento, divulgando as tradições do Rio Grande para além fronteiras.
A perda de Onésimo Carneiro Duarte é uma lástima para o tradicionalismo e especialmente para o MTG, pois pessoa de princípios, pessoa correta, que soube honrar os valores morais do gaúcho, que auxiliou a construir um Movimento da forma que o conhecemos no final da década de 90 e que desejamos seja a inspiração para um MTG "mudado", que tenha como base principal aqueles valores e idéias dos primeiros tempos, que forjaram todo o cabedal de respeito que o MTG angariou por inúmeros anos.
Certamente o Patrão da Estância do Céu necessitava das idéias precursoras de Onésimo Carneiro Duarte e de sua fibra. Esperemos que por lá vá difundindo seus valores e ajudando a que os que ficam por estas plagas terrena tenham sempre a luz necessária para defender e administrar o MTG como fora na sua época.
Fábio Braga Mattos - Conselheiro do MTG
Retirado do blog do Fábio Mattos Presidente MTG
Ícone do tradicionalismo gaúcho, Onésimo Carneiro Duarte morre aos 81 anos
Um dos ícones do tradicionalismo gaúcho, Onésimo Carneiro Duarte, morreu neste domingo, aos 81 anos, em decorrência de complicações cardiovasculares. O bancário aposentado do Banco do Brasil foi presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho por duas vezes.
Duarte era natural de Vacaria, onde foi o patrão do Centro de Tradição Gaúcha (CTG) Porteira do Rio Grande. Foi ele o responsável a promover o Rodeio de Vacaria a nível internacional, trazendo turistas de outros países e Estados.
— Onésimo Carneiro Duarte foi um gaúcho serrano autêntico. Foi um dos maiores líderes do nosso movimento, do qual foi presidente mais de uma vez. Teve papel de destaque sempre no Rodeio de Vacaria. O Rio Grande do Sul fica mais pobre com a partida desse querido amigo — disse o também tradicionalista Nico Fagundes e grande amigo de Duarte.
O tradicionalista levou a cultura do Estado por todo o país, fazendo palestras sobre tradicionalismo. Além de ter estudado e difundido o tropeirismo, militou sobre a importância das bibliotecas nos CTGs e da figura do gaúcho.
Em 1975, mudou-se para a Capital a trabalho.
Deixa a mulher, Vani, seis filhos e 12 netos.
Fonte: Zero Hora e Blog de Terra Campo e Galpão